Não busco viver façanhas impressionantes, tampouco
apenas sobreviver em meio ao sistema. Não quero apenas viver para o trabalho,
suportando a mais-valia diária, e sonhar com dias melhores, vidas fictícias parada
diante de programas televisivos e filmes hollywoodianos. Não quero me entregar
ao comodismo e nem ao desânimo que a condição social é imutável ou natural.
Quero dizer sim a vida e não ao que me leva apenas à sobrevivência. Sim
para a indignação e atos de rebeldia. Sim para os sonhos da humanidade de que
um novo mundo é possível. Somos a maioria, é nosso suor, sangue, corpos
transformados em lucros, mercadorias, que move este sistema chamado capitalismo. Quero viver sem medo de apenas
viver!
O medo global
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho.
Os que não trabalham têm medo de nunca encontrar
trabalho.
Quem não tem medo da fome, tem medo da comida.
Os motoristas têm medo de caminhar e os pedestres têm
medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de lembrar e a linguagem tem
medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares, os militares têm medo
da falta de armas, as armas têm medo da falta de guerras.
É o tempo do medo.
Medo da mulher da violência do homem e medo do homem
da mulher sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem relógios,
da criança sem televisão, medo da noite sem comprimidos para dormir e medo do
dia sem comprimidos para despertar.
Medo da multidão, medo da solidão, medo do que foi e
do que pode ser, medo de morrer, medo de viver. (Eduardo Galeano)
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