13 anos de lutas fortalecendo as mulheres trabalhadoras

10 de março de 2011

Escrito por Bernadete Aparecida Ferreira
Fundadora e coordenadora político-pedagógica da ONG Casa Oito de Março.


Quando olhamos para essa mocinha chamada Casa Oito de Março, que agora completa 13 anos, e é uma das pioneiras nascidas em Palmas – TO lembramos da forma como ela nasceu.
Um bebê inicialmente indesejado, cuja mãe, madrinhas e parteiras foram despejadas com a maldição de que ela não vingaria sem a proteção do pai ou do marido.
O nascimento da Casa Oito de Março foi como o de tantas meninas largadas, vítimas do machismo, do preconceito, da inveja e do abandono. Ei-la aqui, de pé, resistindo, cumprindo sua missão dia-a-dia, sem fechar suas portas como Entidade, nem como espaço de acolhimento diuturno das mulheres em situação de vulnerabilidade, migrantes que por aqui passam e tantas outras situações em que se faz ideologicamente necessário.
O mais legal é o protagonismo dessa mocinha que batalha, se vira, consegue mesmo com tão pouco mostrar o quão profundo é o seu interior e, ao mesmo tempo, consegue ter os pés bem no chão, fincados nessa terra de sonhos, encantos e desencantos.
A menina dá trabalho, pois não é fácil educar menina-mulher em um lugar tão machista, onde valores éticos são tão duvidáveis. O saldo é positivo e temos clareza de que escolhemos corretamente as vias metodológicas para educação dessa menina: educação popular; feminismo do cotidiano; economia solidária; ética pastoral; protagonismo dos sujeitos; trabalho de base, de campo; a trilha no lugar dos largos e sedutores caminhos da direita neoliberal, do capitalismo e do patriarcado.
Como mãe forjada no direito de decidir e no serviço cotidiano; forjada na bíblia da libertação, no catecismo da autonomia e nos jejuns da não-violência; entendemos perfeitamente o que fazemos quando decidimos trilhar nossas lutas imersas no feminismo de práxis cotidiana; tendo o encantamento diário de ver desabrochar novas idéias, novos movimentos, novas formas de lutas, de conquistas de direitos e novas visões e constatações de que todas nós mulheres somos capazes de transformar o mundo, começando do espaço pequeno, do privado, indo até os grandes espaços públicos onde as hierarquias e os poderes hegemônicos masculinos não nos deixavam chegar. E por incrível que pareça o principal desses espaços era e sempre foi o da casa. Com nossa práxis invertemos o papel da Casa... ela é espaço de libertação das mulheres, de lutas e batalhas feministas intensas e muito justas. Aqui tornamos lutas de algumas em lutas de todas.
Nossa mocinha ainda vai longe e é sempre uma surpresa vê-la desabrochar; é sempre penoso sofrer suas crises e é sempre de lavar a alma sentir seu alçar vôo de fênix, de águia preparada cada dia para altos vôos e para a permanência na aldeia onde nasceu.
Menina, que eu tanto amo, Feliz aniversário! Feliz adolescência.

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